14 de abril de 2015

10 days without an accident

               

          Tenho assistido a vários filmes péssimos como se você os estivesse assistindo comigo, porque eu sei que eles te irritariam bastante. E porque eles são tão ruins que por alguns minutos eu paro de pensar em você e passo a pensar em como alguém foi capaz de ter uma ideia de filme tão estúpida e quem seria tão mais estúpido ainda de financiar aquilo. E esses minutos são curtos, porém tranquilos. 
           Me sinto presa naquela parte clichê daqueles filmes clichês (que eu não consigo parar de ver), quando a moça tá bem triste porque algo não deu certo no romance que parecia perfeito desde o início do filme. E fica escutando música de fossa e andando pela cidade que parece estar muda e meio cinza. Aqueles 10 minutos antes de chegar no final quando tudo se resolve com um ato louco e desesperado de amor. Mas eu nunca chego no final. Ninguém bate à minha porta às 3 da manhã me dizendo o quão erradas estávamos de não ter arriscado e que dali em diante ficaríamos bem. Ninguém me escreve um pedido apaixonado com um avião desenhando nuvens de fumaça no céu. Ninguém me sequestra num balão colorido com destino desconhecido ou me dedica uma música no show da minha banda preferida. Ninguém telefona numa madrugada inóspita dizendo que ouviu uma canção e que lembrou de mim e que, pra falar a verdade, sente muita saudade mesmo do nosso pequeno caos. Ninguém veio. E a cidade continua cinza. E a música triste ainda toca. E aqueles 10 minutos já viraram 10 dias.

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