21 de fevereiro de 2010

Degradê.

           Eu, de verdade, já dispenso teus assuntos. Te ver já não faz meu coração disparar como antes. Depois de um tempo percebemos que as coisas e as pessoas não são como pensávamos.  Talvez seja a paixão que cobre nossos olhos como um óculos, deixando num tom cinza os defeitos e salpicando de verde berrante as qualidades do outro. É, a paixão. Com uma lente degradê e não totalmente escura como a lente do amor, que nos cega completamente. Então, visualizamos o outro acima de todas as necessidades, num pedestal. Por um bom tempo, pensamos na bagunça que seria a nossa vida sem essa pessoa. E o mundo se partiria em dois, o caos reinaria. Mas como todas as outras efemeridades da vida, assim foi para mim. Você não acha que já está na hora de eu ter a minha vida de volta?
          Ponho meu óculos de lado e enxergo um dia claro. Meus olhos lacrimejam ao olhar diretamente para o sol, mas me sinto confortável. O céu agora está claro. Os formatos das nuvens por um momento me fazem lembrar de ti, mas assim como as nuvens, as lembranças são varridas pelo vento. Desculpa, meu bem, mas o meu mundo é o mesmo sem você.