É tudo tão frágil, Passarinho. Vem cá, voa até aqui e me conta. Eu entendo. De ser torta eu entendo. E porque essa vontade de morrer eu também tenho, é minha companheira antiga. Mais perto de mim que a minha própria sombra. Só que ela é mais densa e palpável que uma sombra. Ela é pesada, escorregadia. As vezes eu ando rápido tentando me livrar dela, só que ela não me larga. Com o tempo eu aprendi a arrastá-la comigo pra onde eu vou, me acostumei ao peso, mas nunca me deixando dobrar de vez. Tem dias que parece que não vai dar e eu tropeço nessa vontade e faz todo sentido do mundo. Mas eu sou forte, tenho resistido. Resista, Passarinho. Eu aguento o seu peso também. Eu divido minha força com você, e desafiando as leis da matemática, ela não diminuirá.