1 de abril de 2010

" Toy Story " *

                A neblina que te envolve me impede de enxergar-te. Uma neblina furta-cor que me embaça a visão se olho diretamente. Não te olho. O efeito que provocaria, tal como a medusa, me transformaria em pedra. Um balde de água gelada no meu ego. Posso ver, você está bem. Percebo agora. Coisas que joguei fora deixaram um buraco em mim. E como será? Não sei. Apenas sei que tudo deixa de ser com um tempo. Então, de que valeram todos os esforços que fiz para salvar-te? Ainda assim caíste na gaveta de “quinquilharias” da minha memória. Como um brinquedo que insiste em quebrar-se e não há nada mais a fazer por ele. É o tipo de coisa da qual sentiremos falta. Falta que provoca feridas incuráveis. Sabe-se que brinquedo como aquele não se fabrica mais, mas agora ele não passa de algo pelo que não se pode fazer mais nada. E como não há coragem para jogá-lo fora, guarda-se ali, como uma lembrança do quão reluzente ele já fora. E talvez um dia à noite, numa noite mágica, procurando um livro que possa ler antes de dormir, você ache o tão estimado pertence e só assim lembrará a falta que sente e o tanto que quis esquecer-se dele.
                    
 Feliz Páscoa. Viva à hipocrisia, viva à futilidade. Viva às delícias pagãs e aos novos brinquedinhos estúpidos que vêm dentro delas a cada ano que passa.