18 de abril de 2011

Margaridas não têm espinhos.

Sentada na minha cama, olhei em volta. Bem em cima da cômoda um porta-retrato com a foto de duas margaridinhas. Sorri por um momento, mas o sorriso foi se derretendo. Levantei-me e o segurei. "Olá, Margaridinha. Não posso te manter presa aqui, sabe. Longe do sol. Corres o risco de desgastar-se com a friagem úmida do meu quarto."
Segurava tão forte que o vidro se quebrou, cortando as minhas mãos. Retirei a foto de entre os cacos e a rasguei em vários pedacinhos. Joguei-os pela janela na brisa que passava e fiquei ali a observar seu vôo, seu brilho na luz do sol que se punha. "Margaridinha linda, não és mais minha. Segue agora feliz pelos ventos da vida."
E os meus olhos arderam quando a janela foi fechada.

Não vou roubar teu tempo, eu já roubei demais 

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